Para muitos brasileiros, o cheque especial se transformou numa complementação salarial, utilizado assim que o valor depositado termina. Rapidamente, essa prática se transforma numa bola de neve, já que os juros cobrados são considerados hoje, os mais altos do mercado e logo todo o salário fica retido para pagar a pendência.
O cheque especial é uma modalidade de empréstimo pré-aprovada pelo banco, disponível para que o cliente saque a qualquer momento que seja necessário para ele. O banco é obrigado a discriminar o valor do cheque especial e desvinculá-lo do saldo, para que o cliente tenha real noção do valor disponível. O problema é que muitos não entendem bem o funcionamento dos juros do cheque especial e seu funcionamento, tornando-se vulneráveis a se envolver numa interminável dívida.
Para que serve o cheque especial
Conhecido como o grande vilão das dívidas entre instituições financeiras, o cheque especial tem um papel essencial para o correntista, cuja função é dar suporte para prováveis imprevistos financeiros. Também é usado quando o saldo não é suficiente para pagar um boleto, sendo descontado o valor excedente para que a conta não fique no negativo.
Ele foi criado para ser usado eventualmente, como suporte em casos emergenciais, já que está liberado ao correntista, sem a necessidade de qualquer trâmite burocrático. O problema é quando o correntista acaba cedendo a praticidade e o utiliza como se o dinheiro fizesse parte de sua renda mensal, gastando todo o crédito.
O produto bancário deve ser visto com o máximo de cautela antes de ser utilizado. Suas facilidades são realmente produtivas quando usado com cuidado, do contrário ele, de fato, se torna um vilão das finanças. Há tempos o cheque especial encabeça a lista das maiores taxas de juros ao mês dentre todos os outros tipos de créditos. Segundo o Banco Central, a média de juros mensais é de 13,51% e pode chegar anualmente ao irreal valor de 357,44%, superando o rotativo do cartão de crédito.
Os valores exorbitantes são justificados pelo risco de inadimplência alto dos brasileiros e inclui também o tipo de tributação que lhe é vinculado. A natureza da modalidade não possui exigências que comprovem o seu pagamento, estando à disposição do cliente após aprovação do limite. A sedução do cheque especial e suas facilidades levaram 62 milhões de correntistas a terminar o ano passado com a conta no negativo e a expectativa é que esse número aumente.
Segundo o GuiaBolso, o perfil mais comum de devedores do cheque especial é o de correntistas que o utilizam de forma contínua como adicional a renda. Mas não são só os correntistas mais impulsivos que cedem ao cheque especial, mas também os mais controlados. Isso ocorre em imprevistos mais sérios como problemas de saúde e com o carro, tornando-se um gasto inesperado e que tende a desestabilizar a organização financeira.
Entenda como são cobrados os juros
Por ser tão útil e requisitado, é difícil entender como o cheque especial pode ser tão nocivo ao crédito. Cada banco tem uma taxa de juros diferenciadas por mês, com autonomia dada pelo Banco Central, que podem ir de 11,99% até 14,77% e há alguns que oferecem um período isento de cobrança, mas se o correntista atrasar o pagamento é cobrado retroativamente do valor. O Banco Central disponibiliza as taxas de juros de cada banco, através de seu site.
É possível saber qual o valor dos juros cobrados diariamente pelo seu banco, mas a conta é um pouco complicada, já que os bancos utilizam juros compostos. Dessa forma, não se trata apenas de uma divisão simples dos juros mensais com os dias do mês e o cálculo é de Taxa diária = {(Taxa mensal 1)1:30} -1. Há, ainda, a cobrança de juros proporcionais em períodos maiores ou menores. Se o valor usado do cheque especial for de R$ 300 por um mês, o valor que ele deve pagar em média é de R$ 27, o equivalente a R$ 9 por um período de dez dias.
Os bancos disponibilizam em seus aplicativos um cálculo que ajuda ao correntista a entender suas pendências financeiras. Se não estiver aberto, o correntista pode requisitar a sua agência os detalhes desse cálculo. A cobrança do valor pendente é feita na própria conta, a partir de depósitos. Se o pagamento não for feito por um período determinado de cada banco, o nome do cliente é incluído nos serviços de proteção ao crédito e ele fica impossibilitado de utilizar serviços semelhantes.
Se a natureza da oferta de crédito incentiva a cobrança de juros altos, outros fatores como baixa oferta de instituições que oferecem o cheque especial, a inadimplência alta do cheque especial, a tributação específica, a falta de concorrência e a alta concentração de valores bancários. Dessa forma, seja os correntistas mais impulsivos e os mais controlados, todos pagam com a inadimplência brasileira.
Mas mesmo com essa taxa de juros assustadora, o cheque especial pode ser um ótimo negócio para casos específicos, desde que sejam quitados dentro do prazo. O fundamental é que exista uma disciplina para manter o equilibro nas finanças, para que não surjam dívidas. Caso tenha sido inevitável entrar no endividamento, é preciso ver a situação com racionalidade e de imediato buscar organizar as finanças.
Nessa situação, é preciso procurar o banco imediatamente, para que seja fornecido o cálculo da pendência total e então negociar seu pagamento. A dívida sempre tem um juro alto e aumenta ainda mais se for parcelada, com riscos de prejudicar a renda familiar. Se o valor for muito alto e o prejuízo também, o mais indicado é buscar um empréstimo consignado, que tem a menor taxa de juros do mercado, para pagar o valor à vista e pagar as parcelas menores.
Não é comum e nem aconselhável adquirir um empréstimo para pagar outro, mas como os juros do cheque especial são exorbitantes e do crédito consignado são bem menores, vale a pena fazer essa transação para não se afogar em dívidas e causar prejuízos maiores na sua qualidade de vida. O crédito consignado tem como garantia a cobrança pelo contracheque, cujo único impedimento é caso ocorra uma demissão.
Para não chegar a ações extremas, é preciso manter controle sobre suas finanças, com um bom planejamento financeiro e a criação de um fundo de reserva para evitar adquirir créditos. Os imprevistos são naturais de acontecer, mas se envolver em dívidas só depende de sua organização.
O cheque especial é considerado um vilão, mas se usado da forma correta pode trazer muitos benefícios. Com os juros mais altos do mercado, o cheque especial deve ser usado com cautela para evitar transtornos. Conheça mais sobre as opções de crédito e finanças pelo site da AnjoCred e encontre as melhores soluções de seus problemas financeiros.