Empreender é um grande desafio, que se torna ainda mais arriscado em tempos pandemia e com crises sucessivas na área econômica. É fato que não basta ideias inovadoras e uma equipe brilhante, sem que exista saúde financeira para progredir. O dinheiro é vital para manter uma empresa, ainda mais quando se trata de uma startup.
Há cuidados financeiros muito específicos para uma startup. Com riscos diferenciados e particulares, são necessárias ferramentas mais precisas para mensurar as ações e gerar resultados positivos. Só assim é possível prevenir de eventuais problemas financeiros, que podem ser fatais para a sua vitalidade.
Afinal, o que é uma startup?
O termo “startup” está na moda. E por isso mesmo, vem sendo usado de várias formas para definir novos empreendimentos. Na verdade, há algumas definições para entender uma startup, uma delas de que seriam empresas pequenas voltadas para o ambiente digital. Enquanto outras pessoas afirmam que qualquer empresa de pequeno porte poderia ser considerada uma startup.
Como o significado da palavra é “iniciar algo”, podemos entender que todo empreendimento um dia foi uma startup. Mas não é bem assim! O entendimento padrão é que se trata de um empreendimento de baixos custos de manutenção, com capacidade de crescimento bastante rápido assim como seus lucros. Não necessariamente direcionados para o meio digital, mas sempre com um modelo inovador de negócios, que pode ser repetível e escalável.
Um dos quesitos básicos que impõe a inovação é a definição de modelo de negócios. Diferente do conhecido plano de negócios, um modelo foca no valor do produto e na rentabilidade que ele pode gerar. Ou seja, é a compreensão de como o negócio oferecido é a solução desejada pelo cliente e quanto isso pode gerar de lucro. O produto ou serviço pode ser algo totalmente novo ou uma nova visão do que existia antes.
Outro fator que torna uma startup lucrativa e sustentável é ser repetível e escalável. Como é difícil prever se o capital existente se manterá oxigenado, é preciso que o produto oferecido seja repetível e escalável, capaz de atingir um grande número de clientes de forma rápida, gerando o lucro desejado.
Ser capaz de entregar o mesmo produto em grande escala é fundamental para esse crescimento. E essa trajetória é potencialmente ilimitada, inviabilizando customizações do produto enquanto a regra é multiplicá-lo. Ao mesmo tempo, a empresa precisa estar preparada para um crescimento rápido, sem que ocorra alteração no modelo de negócios.
Dificilmente existirá um manual de como se sair bem numa startup, porque cada uma delas tem suas características próprias. Ela nasceu para fugir do que é tradicional e só consegue deslanchar porque preencheu o que faltava no ramo a que ela se destina. Dessa forma, é sempre um caminho incerto para o empreendedor, que precisa se preparar da melhor forma para não ser surpreendido negativamente.
Como organizar as finanças de uma startup
O dinamismo financeiro de uma startup assusta empreendedores desavisados de sua velocidade. Como o crescimento tende a ser acelerado, assim como o crescimento, o setor financeiro precisa estar atento ao aumento de volume de dados que vão circular. O que também significa alteração nas tarifas e mudanças de impostos.
Mesmo que cada startup seja peculiar, é possível traçar um caminho relevante para cuidar das suas finanças. Até o início da pandemia, o cenário econômico estava sendo promissor ao surgimento de startups, mas ainda havia o impacto da burocracia e da ausência de planejamento financeiro que caracteriza o empreendedor brasileiro.
É bastante comum ver empresas fechando as portas pouco tempo após seu lançamento, por erros cruciais no orçamento inicial. E esse quadro tende a aumentar no caso de startups, comumente criadas por jovens empreendedores, sem experiência com as finanças e burocracias.
Para evitar essa catástrofe na startup, é possível adotar cuidados desde sua criação, que farão toda a diferença entre o fracasso e o sucesso. Segue abaixo algumas das principais ações a serem tomadas:
1 – Indicadores financeiros coerentes com o seu negócio
O mercado digital disponibiliza diversas métricas financeiras para startups, mas é preciso identificar a que melhor se adequa a sua. De nada adianta medir cada detalhe, que irá dificultar ainda mais o processo. Por isso, é importante entender cada métrica e encontrar as que sejam mais importantes para apresentar os resultados esperados.
Um exemplo da métrica mais adequada é para uma startup que recebe mensalmente pelo produto ou serviço. Dessa forma, a melhor maneira de mensurar seus valores é por meio de análises mensais e anuais. Essa mesma métrica não serve para quem recebe eventualmente, que pode dar dados enganosos e detonar todo o planejamento.
2 – Não misturar contas
Essa dica é fundamental para qualquer tipo e tamanho de empresa, não apenas para startups. Todo empreendedor deve separar as contas pessoais das de pessoa jurídica, inclusive no próprio banco.
Esse erro é bastante comum e um dos principais motivos para o colapso financeiro de uma empresa. Dessa forma, se a empresa pagar contas além das suas ou se o dono pagar as despesas da empresa, não será possível manter um controle financeiro adequado. Sem saber o real faturamento, sequer haverá como calcular o lucro gerado.
3 – Manter uma planilha de custos
Não basta saber quanto foi o valor da entrada, mas principalmente, dos custos da empresa. Cada detalhe importa e deve ser detalhado numa planilha feita exclusivamente para isso. Isso significa que os valores de pagamento de contas tem a mesma relevância que dos insumos, assim como os impostos e custo que não possuem tanta exatidão.
Só assim será possível saber prazos, datas de pagamento, parcelas e onde está indo o dinheiro, sendo possível até mesmo cortar custos se necessário.
4 – Fluxo de caixa
Uma startup tem como característica a incerteza do mercado. Para isso, é preciso manter estratégias para situações positivas e negativas, que sejam capazes de atenuar possíveis prejuízos.
Se o fluxo de caixa está positivo hoje, há uma grande chance que esse quadro não seja o mesmo no próximo mês. O mesmo ocorre quando o caixa vai mal e em dois meses duplica os valores. Projetar o fluxo de caixa é fundamental para manter as contas equilibradas.
5 – Processos padronizados
O setor financeiro é o que mais deve exigir organização. Afinal, perder documentos e planilhas pode ser o pontapé inicial do fracasso da empresa. Quanto mais padronizados forem os processos, maiores serão as dificuldades de que isso ocorra, tornando os documentos muito mais confiáveis.
Essa padronização inclui emissão de notas fiscais, nomenclatura de lançamentos no livro caixa, receitas e despesas, cruzamento de avaliação, data de fechamento entre outros.
6 – Financeiro com contabilidade
Não deveria, mas há empresas que separam esses setores. Isso ocorre, inclusive, quando é necessário contratar um contador externo para organizar as finanças e documentação da empresa. Mesmo os processos sendo distintos, eles devem se cruzar por se completarem. Um precisa do outro para ser abastecido de dados e se organizarem.
7 – Cuidado com as compras e vendas parceladas
Muitas vezes só o valor total é visualizado, esquecendo que ele foi dividido em parcelas. Para quem vai receber, contar com o valor cheio por criar um colapso nas finanças, já que apenas uma parte dele vai entrar.
Para quem vai comprar, nem sempre as parcelas se encaixam no orçamento e podem prejudicar sua organização. Pior ainda, quando há várias outras compras que somadas, ficam bastante onerosas no orçamento.