Você é um microempreendedor e possui uma pessoa jurídica, está precisando de dinheiro e está em dúvida entre contratar empréstimo pela pessoa jurídica e pela pessoa natural. Possivelmente, temendo a burocracia que envolveria contratar um empréstimo empresarial, você está inclinado a aproveitar as linhas de crédito disponíveis e contratar um empréstimo em seu nome.
É bem provável que essa não seja a melhor opção. De fato, ao optar pelo crédito empresarial, o processo pode ser um pouco mais complexo. Em muitos casos, o empreendedor abre a conta com a empresa em pleno processo de ativação. Pela legislação, uma empresa pode abrir uma conta corrente sem precisar comprovar rigorosamente nada, exceto estar em dia com as obrigações formais.
Isso significa ter o CNPJ, a Inscrição Estadual, o Alvará de Funcionamento e o Contrato Social. Não há necessidade, no entanto, de comprovar faturamento ou apresentar qualquer estudo de viabilidade econômica.
Isso significa que você terá uma conta corrente para movimentar e fazer todas as operações tradicionais, como depósitos, saques e transferências. Não obstante, isso não significará que você terá acesso a linhas de crédito. Até mesmo para obter um simples cartão de crédito empresarial, será necessário cumprir outras exigências.
Comprovação da capacidade de pagamento, prazo para pagamento e juros
O que define o limite de crédito e os tipos de operações disponibilizados pelo banco é a capacidade de pagamento do cliente.
Quando você abre uma conta salário, o banco tem acesso aos números relativos aos seus vencimentos mensais. Com base nisso, a instituição financeira tem condições de identificar sua capacidade de pagamento.
Com base nessa capacidade de pagamento, o banco entregará a você um cardápio de produtos financeiros relacionados à obtenção de crédito. Provavelmente, liberará para você um limite para utilização do cheque especial, um cartão de crédito com limite pré-fixado, um limite para crédito pessoal e, em alguns casos, um limite para financiamento na compra de bens imóveis ou automóveis.
Não é diferente com a empresa. Você lembra que dissemos que abrir a conta é fácil, já obter crédito é um processo mais complexo. Você precisará indicar ao banco qual o seu faturamento nos últimos três anos ou, ainda, caso a empresa esteja iniciando suas atividades, um estudo sobre a previsão de faturamento nos próximos doze meses.
Evidentemente, é mais difícil obter o crédito empresarial. No entanto, se você consegue se enquadrar nas condições do banco e apresentar a documentação exigida, o banco liberará o crédito. Nesse caso, obter o empréstimo por meio da pessoa jurídica será mais vantajoso, uma vez que há produtos específicos para finalidades diversas.
Enquanto o crédito para pessoa natural se restringe ao empréstimo comum, em que você não precisa comprovar a finalidade, e ao financiamento para compra de bens, em que a operação de empréstimo é vinculada à compra, o crédito à pessoa jurídica conta com diversas modalidades, que apontam taxas e prazos diferentes, como:
- Capital de giro;
- Financiamento de bens de capital;
- Custeio de produção;
- Compra de instalações;
- Custeio de implantação de inovações tecnológicas;
Em outras palavras, quase sempre será mais vantajoso optar pelo crédito empresarial quando a finalidade é investir na empresa.
É evidente que há casos em que a única alternativa será recorrer ao empréstimo pessoa física, o que acontece naquele exemplo dado lá no início do artigo, que é quando a empresa não tem como comprovar previsão de faturamento, não podendo, em consequência disso, ter acesso a linhas de crédito.
O importante é ter em mente que, sempre que for possível, você deve optar pelo crédito à pessoa jurídica. Mediante análise de crédito, é muito provável que, ao obter o crédito empresarial, você consiga ter acesso a prazos mais extensos e juros menores, principalmente se o tipo de crédito que você busca é o financiamento.
Existe diferença entre empréstimo e financiamento?
Vamos explicar melhor essa questão do financiamento. Existe uma diferença entre empréstimo e financiamento?
A verdade é que o financiamento é uma modalidade de empréstimo, porém se difere bastante das outras.
A principal característica do financiamento, é que você financia algo. Em outras palavras, o financiamento está atrelado a uma aquisição.
Vamos supor que você tenha uma pequena indústria e seu custo com transporte é muito alto. Depois de fazer todos os cálculos, você percebeu que economizaria 30% desse custo, caso tivesse um caminhão próprio, incluindo os custos com seguro, impostos e manutenção.
Após fazer uma pesquisa para encontrar o veículo adequado às suas necessidades, com seu respectivo preço e custo de financiamento, você concluiu que poderia financiar a compra em três anos, mantendo o custo atual com transporte. Ao final de três anos, sairiam da conta as parcelas do financiamento e, então, você passaria a ter um custo 30% menor que o atual, sem contar, que ficaria com o caminhão, que se incorporaria ao seu patrimônio.
Você vai apresentar esse estudo para o banco, com toda a documentação solicitada, e obterá o financiamento. Da mesma forma, se você é produtor agrícola e identifica a oportunidade de aumentar a produção e o faturamento com a adoção de determinado equipamento, aumentando o faturamento do seu agronegócio, você pode solicitar junto ao banco o financiamento desse equipamento.
Em alguns casos, você pode recorrer ao financiamento mais barato, como acontece no crédito agrícola, em que os juros são bem menores que os praticados no mercado. É o que acontece com programas como PRONAMP e PRONAF.
O BNDES, que é uma ferramenta governamental de incentivo ao desenvolvimento econômico, também disponibiliza linhas de financiamento mais baratas do que o que se pratica no mercado.
Em outras palavras, dentro da perspectiva do crédito à pessoa jurídica, você tem uma quantidade muito maior de opções e grandes possibilidades de obter o dinheiro a juros bem menores e prazos bem mais extensos.
A importância do risco e da garantia no custo do crédito
Você já tem uma boa noção das diferenças entre contratar empréstimo pela pessoa física e pela pessoa natural. Há, no entanto, duas variáveis importantes que precisam ser entendidas:
- Risco;
- Garantia.
Você já deve ter ouvido falar em risco e garantia. São variáveis inversamente proporcionais. Maior garantia significa risco menor, enquanto menor garantia representa risco amplificado.
Quanto maior o risco, mais caro é o crédito. Um bom exemplo de como isso funciona, é o crédito consignado. A garantia de recebimento por parte da instituição financeira é alta, uma vez que o débito das parcelas incide diretamente sobre os rendimentos do aposentado, que por sua vez, não corre riscos de ter essa renda mensal suspensa. Por essa razão, o empréstimo consignado é mais barato que as outras modalidades de crédito para pessoa física.
Quando você comprova o rendimento da sua empresa nos últimos três anos, o credor perceberá que há uma previsibilidade no seu negócio, o que reduz os riscos. Logo, a tendência é de que o empréstimo ou financiamento seja mais barato. No caso do financiamento, as condições de pagamento se tornam ainda mais vantajosas, já que o banco tem a garantia de poder tomar o bem do cliente, caso ele não honre com o pagamento das parcelas.
Você pode, no entanto, recorrer a outras formas de garantir seu empréstimo ou financiamento. Uma delas é a hipoteca de bens imóveis. Nesse caso, esse bem pode ser protestado pelo banco, caso você não efetue o pagamento do empréstimo.
A grande vantagem nesse tipo de operação, é que você pode obter prazos bem mais elásticos, condições de pagamento mais flexíveis e juros muito mais baixos.
Eis uma situação em que pegar o empréstimo pela pessoa natural pode ser mais interessante. Quando você possui bens pessoais que possa dar em garantia, você transfere um direito à instituição financeira. Nesse caso, é possível que as condições do empréstimo pessoal superem as do empréstimo empresarial.
É claro que isso não é definitivo. Cada caso é um caso. Para escolher entre empréstimo para pessoa física e pessoa jurídica, o melhor caminho é pesquisar e conversar com o gerente do banco. Melhor ainda será se você tiver para consultar um especialista em finanças em quem confiar.
Esperamos que este artigo tenha sido útil para você. Nosso propósito é entregar a você informações valiosas para a sua vida. Por isso, disponibilizamos muitos outros artigos como este. Navegue em nosso site e aproveite para ficar mais bem informado sobre finanças!