Muito mais do que aprender a economizar, a educação financeira é uma ferramenta de autoconhecimento e que ajuda a obter mais qualidade de vida. O assunto tem sido mais abordado nos últimos anos, como consequência da crise econômica que culminou com milhões de desempregados e grande instabilidade.
Antes o assunto era abordado com discrição, já que falar sobre dinheiro ainda é um tabu entre as famílias. Longe da maior parte das escolas e das reuniões familiares, a educação financeira pode causar um impacto positivo para as gerações futuras, ao começar a ser inserida no cotidiano da social, capaz de produzir pessoas mais conscientes sobre a importância do dinheiro e em como formar um patrimônio.
Muito além dos cálculos
Na fábula “A Formiga e a Cigarra”, qual é o personagem mais interessante? Nela a formiga mostra que o trabalho disciplinado é fundamental para estar pronto para as diversidades da vida, mas sem dúvida a vida da cigarra é de dar inveja para quem não tem tempo para se divertir. Na prática, não podemos afirmar que a formiga está errada, nem tampouco totalmente certa, já que ter uma vida sem leveza e prazer tira todo o sentido de sua existência.
Para quem não tem limites na gestão financeira e até mesmo oscila sobre seus recebimentos, é importante saber que uma hora a conta disso chega. Não dá para ser uma eterna cigarra e viver apenas pelos prazeres, sem produzir e se preocupar com o futuro, já que assim como na fábula, o inverno chega e a cigarra não tem como sobreviver. O mesmo ocorre para quem não faz investimentos e fica vulnerável ao devastador poder da inflação.
Se preparar para o futuro é essencial, mesmo diante da imprevisibilidade da vida. É preciso ter suporte financeiro para os imprevistos, para a construção de uma vida mais tranquila e confortável, assim como capacidade de realizar sonhos que dependem do dinheiro. Mas só existe sentido nesse empenho se houver um equilíbrio entre usufruir tudo o que o presente tem a oferecer. Os bons momentos estão presentes no agora também, assim como os prazeres, sonhos e emoções.
Tudo depende do momento da vida de cada pessoa, o que torna as escolhas algo muito pessoal e sem regras fixas. O mais importante é que cada escolha seja motivada pela consciência de tudo o que ela pode representar em sua vida. Quanto mais equilibrada a mente estiver, mais decisões certas serão tomadas e é nesse momento que a educação financeira se mostra presente.
Há quem acredite que educação financeira são aulas de matemática financeira, que se atentam apenas em cálculos e planilhas. Embora esses temas sejam importantes para todos, a educação financeira vai muito além de números. Ela pode ser iniciada desde a infância, para que as crianças entendam desde cedo a importância de exercitar a sabedoria para usar o dinheiro e a dar valor ao que tem. E o reflexo desse aprendizado são adultos que constroem, usufruem com mais intensidade da vida e do alcance do dinheiro.
O foco da educação financeira é propor uma maior qualidade de vida tanto no presente quanto no futuro, a partir do planejamento de objetivos. Quanto mais desenvolvida está a educação financeira, mais naturalmente essas metas serão traçadas. Porém, esse privilégio ainda faz parte de uma minoria. O restante da população tem muitos objetivos, para prazos pequenos e poucos recursos para que eles se concretizem.
A educação financeira ensina a priorizar os objetivos, para que se possa estabelecer metas de investimentos. Dessa forma, ao se deparar com um impulso tentador, é possível mensurar se vale a pena aderir à vontade ou se é melhor deixar a compra para outro momento. Afinal, qualquer decisão de gastos fora do orçamento poderá impactar no tempo de acesso ao objetivo final.
O ensinamento básico da educação financeira é que viver bem não é, necessariamente, ter mais dinheiro. Muito menos ter o que há de mais caro no consumo, mas sim aproveitar a vida. Dessa forma, ela se torna um conjunto de orientações e aprendizados sobre pensamentos e atitudes sobre recursos financeiros, tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Ela foca sim questões práticas como despesas, juros, receitas, investimentos, negócios, entre outros, mas também o estímulo a criatividade, ser mais produtivo, equilibrado, saber dosar o tempo para o trabalho e a vida pessoal, etc.
O que é preço e o que é valor?
Trabalhar é importante para pagar as contas, sobreviver e atingir recursos que viabilizem a realização de projetos, mas a vida não pode ter apenas esse objetivo. É preciso ter qualidade, tempo para aproveitar a família e os amigos, se divertir, estudar, criar outros laços que indiretamente estimulam e melhoram o próprio trabalho.
O mesmo acontece com o ato de poupar. Todos sabem que é através do hábito de separar uma porcentagem do salário todo mês, religiosamente, para investir, sabe que é esse o caminho para se ter dinheiro. Mas ter dinheiro apenas para acumular e ter um bom saldo na conta? Não basta saber organizar os gastos se não há uma alocação desses recursos compatível com seus anseios de vida.
Alguém com educação financeira tem capacidade de tomar decisões que envolvam dinheiro, com real noção de riscos e oportunidades que estão à sua frente. O mais interessante é que não importa a faixa de renda, mas sim a forma como ela administra suas posses. Ter uma vida mais segura não é benefício apenas para quem tem um ótimo salário, mas quem sabe administrar o dinheiro que tem nas mãos. Há pessoas que ganham muito bem e adquirem dívidas quilométricas, que as tornam inaptas financeiramente e incapazes de pensar no futuro, enquanto outras se mantêm e conseguem construir bases sólidas mesmo com pouca renda.
Investir uma porcentagem do que recebe e manter uma rotina sobre essa ação é o princípio básico. Da mesma forma que estipular metas são fundamentais para dar sentido a economia e a própria vida. Essas metas podem ser simples como viagens de férias ou a compra de uma geladeira, mas também maiores como a aquisição de um carro ou da casa própria.
Outra dica interessante é viver um pouco abaixo do seu padrão de vida, para manter a tranquilidade financeira. Na prática é pensar que seu salário é menor do que de fato é, para manter os recursos periódicos e diminuir os impactos em possíveis imprevistos. E por último, saber a diferença entre o que se paga por um produto e o valor que ele tem. Um produto pode ter um alto preço quando se compra, mas a longo prazo não ter valor e perder o sentido, o que ajuda a pensar três vezes antes de comprar algo caro que vai se desvalorizar rapidamente.
A educação financeira é fundamental para todos independente da sua classe social. Muito além dos cálculos e foco em economia, ela ensina a valorizar o dinheiro de forma mais humana e a ter uma maior qualidade de vida. Conheça outros artigos sobre qualidade de vida e organização financeira no site da AnjoCred!