Relação da vacinação com o mercado financeiro

Em apenas um ano e alguns meses, o cenário do mercado financeiro brasileiro se transformou consideravelmente. O motivo são as consequências causadas pela pandemia de Covid 19, que mudou o mundo e, principalmente a economia em geral. Como um dos mais devastados pela doença, o Brasil sofre com o número de mortos e uma grave crise econômica, especialmente ao se tornar epicentro da pandemia no mundo.

vacinação

Além do recorde de desemprego e do grande número de empresas fechadas, ocorreu uma queda pronunciada de juros básicos, dentre eles da Taxa Selic. A moeda entrou em franca desvalorização, fechando em 2020 com 22,4% sobre o dólar. A bolsa de valores também sofreu com o baque, caindo para 63 mil pontos, contra os 120 mil anteriores, considerada pontuação inicial.

A pandemia e a economia

O simples anúncio do sucesso no resultado de vacinas em estudo, já foi suficiente para o mercado financeiro se pronunciar em alta. Vacinas como a da Pfizer, Coronavac e Astrazeneca, trouxeram a esperança de investidores para meses mais estáveis na economia, apesar do alto índice de mortos pela doença e da demora demasiada na compra dos insumos.

A gravidade da pandemia, que trouxe medidas de isolamento social emergenciais para conter a propagação da doença e evitar o caos no sistema de saúde, deixou os investidores e o mercado em constante estado de tensão. Sem dúvida, havia uma expectativa mais positiva para 2021, exatamente pelas diversas vacinas que se mostraram eficazes no combate ao vírus.

Mas a demora na aquisição de vacinas, a falta de harmonia sobre as medidas sociais a serem impostas e a perspectiva de que a população majoritariamente só estaria vacinada em 2022, fez com que as esperanças do mercado financeiro se esvaíssem. A ampla vacinação resulta no retorno a uma vida normal, com as atividades comerciais em atividade, a volta de novas posições de emprego e o dinheiro fluindo.

Enquanto setores do mercado permanecem fechados ou parcialmente abertos, as viagens permanecem restritas, impactando o turismo entre as cidades e países. A indústria também sofre, com a escassez de demanda, com exceção de alguns setores como o alimentício. Foi inevitável que todos os setores apresentassem empresas que não resistiam a esse momento de paralização e acabaram decretando falência.

Com isso, os investidores acabam diminuindo ou retirando suas ações do mercado. Tudo porque começou a ocorrer perdas consideráveis nas suas rentabilidades. E o mercado viu como única forma de reconquistar a saúde da economia, como a vacinação da população.

Naturalmente, o primeiro segmento a ter uma alta elevada nas ações foi o setor farmacêutico. As vacinas produzidas em alta demanda, fez com que suas indústrias ganhassem um espaço ainda maior de relevância no mercado de ações. Muitos países que investiram fortemente na vacinação de sua população, como os EUA, e com isso diminuírem profundamente o contágio, já deram início a recuperação econômica.

No sentido oposto dos EUA e Europa, o Brasil iniciou tardiamente a vacinação de sua população. Como os grupos prioritários de idosos, deficientes e com comorbidades foram os primeiros, a sua população ativa no mercado permanece sob alto risco. Tanto que o número de mortes por Covid-19 no Brasil cresceu assustadoramente nos últimos meses, sob o risco de novas variantes agravarem ainda mais o quadro.

A esperança tardia

Empresas que tiveram suas ações estagnadas com a pandemia começam a ter esperanças de levantar suas ações com a vacinação em massa no país. É o caso de empresas aéreas e de turismo, uma das mais atingidas pelas paralizações e fechamento de fronteiras. Como o turismo interno e externo ficou proibido ou muito restrito, muitos hotéis e agências de turismo fecharam as portas.

Há as que tiveram fôlego e se reinventaram para aproveitar o boom econômico que se pronuncia. Na prática, todos os setores só têm a ganhar com a vacinação, até mesmo os que conseguiram encontrar caminhos rentáveis para aproveitar a demanda pandêmica. O risco de ser atingido pela doença e não saber as consequências que ela pode provocar no seu corpo, limitam os investimentos e crescimento.

Os shoppings também foram dos que mais sofreram com a queda de suas ações na Bolsa de Valores. Pelas medidas restritivas, ficou por muito tempo fechado, o que acabou causando o fechamento de lojas de produtos e serviços. O funcionamento parcial e a rigidez na sua lotação, também são barreiras difíceis de transpor diante das perdas. A vacina, sem dúvida, levaria o público de volta aos seus corredores, reativando com força o comércio e elevando novamente suas ações.

Porém, especialistas advertem que tanto shoppings quanto o comércio que são acessados pelas classes B, C e D, apresentaram bons resultados durante o pagamento do auxílio emergencial. Dessa forma, quando ele termina os pagamentos, esses locais têm uma quebra abrupta de arrecadação.

Outro campo que sofreu com a pandemia e pode melhorar com a vacinação em massa é o financeiro. A inadimplência, que vinha crescendo com as crises econômicas e o alto índice de desemprego, foi o verdadeiro terror de bancos e financeiras. Desde o início, eles já tomaram a iniciativa de oferecer opções com juros baixos e um bom número de parcelas, para evitar que o cliente caísse na dívida.

Afinal, sem emprego e impossibilitado de ir em busca de novas colocações, deixar de pagar suas dívidas pode ser a primeira medida de sobrevivência de uma família. Ao lado dessa questão, há a concorrência que só cresce.

As fintechs e bancos digitais oferecem enormes facilidades para seus novos correntistas, como juros baixos, sem taxas e propostas irrecusáveis, que impactam diretamente com bancos maiores e com mais gastos. Essas situações fizeram com que as ações de bancos caíssem muito na pandemia, o que refletiu em muitos fechando agências para conter as perdas.

A inconstância na produção dos imunizantes no Brasil, assim como os conflitos políticos que influenciam diretamente na economia, esbarra na disseminação veloz de novas cepas do vírus, ainda mais velozes e violentas. Quando a economia começa a ganhar fôlego e se preparar para uma retomada, as questões políticas e sociais impactam nessas expectativas e dão um passo para trás.

O foco total do mercado é sobre a vacina. Quanto mais a população se vacinar, maiores serão os ganhos no mercado financeiro. Como a população está sensivelmente mais empobrecida, será necessário ações bem contundentes para trazer ao país a sua potência emergente e posição econômica no mundo. Mas isso só será possível com todos vacinados.

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