A inflação pode quebrar o país?

Todo brasileiro, especialmente os que estão acima dos quarenta anos, temem o crescimento da inflação. A sensação de uma inflação controlada só começou a ser uma realidade no país, após a implantação do Plano Real, já que antes, os índices inflacionários chegavam a 80% ao mês. A assustadora máquina de remarcação de preços era a mais atuante nas redes de supermercado, fazendo o brasileiro não saber qual a era a média de quanto iria gastar na compra do dia.

Atualmente, o mês de setembro de 2021 teve a inflação mais alta desde 1994 e os economistas estão mais que alertas sobre os rumos que economia terá nos próximos meses. O desequilíbrio entre oferta e demanda, geram obstáculos no crescimento do país já que a moeda começa a ficar desvalorizada e, consequentemente, o poder de compra do brasileiro cai. O efeito cascata da alta de inflação traz falta de investimento, aumento do desemprego entre outros danos.

O que é inflação e como ela atua na economia de um país?

O supermercado é o local mais apropriado para entender o que é a inflação. Até pouco tempo, era possível ter uma média de quanto se iria gastar nas compras do mês, tomando como base a cesta básica de alimentos. A variável ocorria em alguns dias do mesmo mês, quando o mercado oferece algumas promoções para atrair clientes.

Nos últimos anos, os valores começaram a apresentar muitas diferenças entre os meses, até que durante todo o ano de 2021 a inflação voltou a assustar a vida econômica dos brasileiros. Um pacote de arroz de um quilo, que tinha em média R$ 3,50, passou a custar até R$ 10,00. Outros produtos da cesta básica, como feijão, leite e óleo, tiveram um aumento de mais de 100% e chegaram a sumir das prateleiras em alguns momentos.

Segundo os especialistas em economia, a inflação de 2021 foi formada pela desvalorização da atual moeda brasileira, o Real, que se somaram as mudanças de hábitos dos brasileiros e ao movimento do mercado econômico mundial diante da pandemia de corona vírus. A instabilidade política também vem sendo alvo de especulações, o que causa ainda mais incertezas entre investidores.

Durante a pandemia de coronavírus, o Brasil continuou exportando, enquanto muitos países optaram por manter seu estoque controlado para suprir melhor sua demanda interna. Enquanto o número de desempregados aumentou, mais gente perdeu seu poder de compra e menos dinheiro passou a circular no período. Porém, o acréscimo do Auxílio Emergencial de R$ 600,00 permitiu que as famílias pudessem buscar o consumo e, com menos produtos no mercado devido à exportação, os preços começaram a subir ainda mais.

Uma das principais influências no aumento da inflação é a alta dos commodities. Quando um produto é fabricado, ele precisa de matéria-prima na sua produção, que é chamada de commodities. O termo vem exatamente de “mercadorias”, definindo os produtos básicos de uma indústria, com compreensão mundial e que são comercializados na bolsa de valores. Dessa forma, um país que produz um commodities específico, pode exportar para outros que precisam dele para sua indústria.

O commodities tem como algumas de suas características a produção em larga escala, a capacidade de estoque, padrões mundiais de qualidade de facilidade para comercialização. O petróleo é uma das commodities mais importantes, já que além de produzir o combustível para veículos, é fonte de energia e matéria prima para inúmeros produtos na indústria.

Com isso, sua cotação é formada por meio da oferta e demanda. Mesmo que não ocorra diferença de preço entre os produtores, que devem seguir os mesmos padrões internacionais de qualidade, os custos podem variar muito já que incluem taxas, impostos, tarifas, logísticas entre outros, de cada local. Além disso, o commodities também está vulnerável ao clima, a política e a flutuação econômica de um país.

A soja, o café, a laranja, o milho, o trigo, o algodão e o açúcar são os principais commodities agrícolas e principais produtos de exportação brasileira. Há ainda os commodities minerais, como o petróleo, o gás natural e o etanol, os commodities ambientais como a madeira e a energia, e os commodities financeiros, que são as moedas e títulos públicos como o dólar, euro ou real.

Ao privilegiar a exportação, sem que exista políticas agrícolas atuantes para controlar o consumo interno, o Brasil acaba fazendo com que ocorra o risco de diminuir a oferta de seus produtos no mercado, sem corresponder a sua demanda. Em comparação a 2019, os mercados venderam 9,36% a mais em 2020, considerada a maior procura em 20 anos, segundo a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados).

Em tempos de economia em baixa, com uma procura menor de consumo, o equilíbrio pode ser restabelecido. Porém, em tempos de pandemia onde a procura por alimentos básicos aumentou, a diminuição da oferta criou um colapso nos preços, detonando a inflação. De abril de 2020 a abril de 2021, o primeiro ano de pandemia no Brasil, os alimentos básicos aumentaram de 20% a 100%.

O risco da desvalorização monetária

A inflação também tem a desvalorização da moeda como um dos fatores determinantes para seu aumento. O real brasileiro, comparado ao dólar, perdeu 28% do seu valor entre 2019 e 2020. A Fundação Getúlio Vargas afirma que é um dos piores desempenhos entre as moedas com maior negociação do mundo, só mais valorizada que o peso argentino.

A motivação para essa desvalorização são as sucessivas crises políticas e econômicas do país. Desde o período anterior ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, até o atual governo, as incertezas só vem diminuindo ainda mais o interesse de investimentos estrangeiros no Brasil. Com a fragilidade na austeridade fiscal, denúncias de corrupção, inchaço dos gastos públicos e menor arrecadação de impostos, a inflação voltou a ganhar fôlego para crescer.

Com o dólar em alta, insumos importados se tornam ainda mais caros nas cotações. O mesmo acontece com as commodities a serem exportadas, já que por serem cotadas em dólar acabam mais caras e influenciam no consumo. Se o produtor de alimentos, inclusive carnes, entende que ao exportar vai ter mais rentabilidade diante do valor do dólar sobre o real, ele vai optar por deixar o abastecimento interno para segundo plano.

Tanto a desvalorização da moeda quanto o aumento no valor dos commodities estão enquadrados na Lei da Oferta e Demanda, de Adam Smith. Nessa teoria, uma mercadoria tem o valor taxado a partir da quantidade oferecida e da demanda de quem está interessado no produto. Quanto menor a oferta e maior a demanda, mais caro ficará o produto disposto.

Enquanto no começo da pandemia o Auxílio Emergencial pagava de R$ 600,00 a R$ 1200,00 para as famílias que ficaram desprotegidas financeiramente, em 2021 ele passou a pagar de R$150,00 a R$ 450,00. Com isso, o poder de compra diminuiu drasticamente mais do que antes, que aliado ao aumento dos preços, fez com que a cesta básica do brasileiro ficasse até 70% mais cara no total.

A pandemia foi uma das causas para o empobrecimento da população brasileira, mas não a única. Antes mesmo de o vírus surgir no Brasil, já havia um alto número de desempregados e um aumento de preços crescente. Com muita gente precisando fechar as portas ou diminuir a produção para manter os cuidados contra o coronavírus, a oferta diminuiu, o número de pessoas desassistida aumentou e a inflação voltou a mostrar suas garras.

Há uma forte expectativa de que com a volta da economia, influenciada pela vacinação em massa, faça com que a inflação possa ser mais controlada e a moeda, valorizada. Ainda distante da hiperinflação da década de 1980 e início de 1990, o mercado econômico concentra seus esforços para não dar contornos ainda mais trágicos para o país.

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