Como a chegada das eleições movimenta o mercado financeiro

Todo ano de eleição o mercado fica em polvorosa. Tudo porque há sempre uma forte expectativa sobre os resultados e as suas consequências na economia do país. Os investidores seguem com muita atenção as noticias sobre as campanhas, assim como as promessas feitas pelos políticos, caso sejam eleitos. Em geral, nos últimos anos o contexto eleitoral brasileiro tem sido bastante instável, fazendo com que os ativos no mercado tenham movimentações inconstantes.

Daí a atenção total nas eleições. É muito comum que as pesquisas de opinião apontem os líderes e possíveis ganhadores, fazendo com que o câmbio caia ou dispare com o resultado. A posição antagônica dos candidatos mais bem colocados mostra a polarização atual do país, assim como caminhos bastante diferentes que a economia pode seguir.

A força do mercado diante do processo eleitoral

A década atual que está chegando ao fim em dezembro marcou o Brasil pelas suas transformações políticas, escândalos de corrupção e a polarização ideológica da população. As sucessivas crises econômicas que o país mergulhou e a alta taxa de desemprego faz com que qualquer movimento político seja observado atentamente pelo mercado financeiro.

Em geral, pautas de candidatos liberais seduzem o mercado financeiro, com promessas de diminuição de impostos, enxugamento da máquina pública, diminuição da intervenção do governo na economia em geral, reformas como a da previdência entre outras. Porém, promessas não são suficientes para aplacar o mercado e suas necessidades.

Um político mais carismático e com força suficiente para provocar mudanças importantes no país, causa grandes expectativas no meio financeiro. Quando não há um representante com essas características, a tensão aumenta para qualquer que seja o resultado. Essa instabilidade pode causar até mesmo apoio em candidatos que antes eram vistos como altamente de risco, por serem extremistas e fortemente ideológicos.

Essa situação ficou bem clara na última eleição para presidente do Brasil. Na falta de uma candidatura forte no centro-direita, os investidores se dividiram até apoiar o extremista Jair Bolsonaro. O ex-deputado foi eleito com o apoio do mercado financeiro, mas que em momento algum deixou de desconfiar de sua política.

O principal motivo deste apoio foi da promessa do então pré-ministro da economia, Paulo Guedes, que projetava reformas como a tributária e previdenciária, assim como a venda de estatais importantes como a Eletrobrás. De fato, em seu primeiro ano de governo, finalmente foi realizada a Reforma Previdenciária, mesmo dividindo a opinião pública e a população.

Já o segundo ano, cheio de expectativas positivas para o mercado financeiro, acabou caindo no abismo da pandemia. E qualquer previsão da economia se perdeu diante da incerteza mundial do que acontecerá a seguir.

Além do altíssimo índice de desemprego que já batia recordes, houve também a refração grotesca da economia, o aumento do dólar frente ao real e pautas como a reforma tributária sendo deixada para o próximo ano. Tudo isso fez com que o mercado financeiro se tornasse ainda mais instável e imprevisível.

As eleições municipais e as eleições americanas

As eleições municipais de 2020 e as reformas tributárias e administrativas estrelavam as maiores expectativas do mercado financeiro. Até que ocorreu a pandemia mundial e outras prioridades começaram a surgir.

Mas ainda assim, o mercado se mantém atento aos acontecimentos do processo eleitoral brasileiro. Mesmo que a eleição de um prefeito e de vereadores não atinja diretamente o processo econômico do país, servem como um excelente termômetro do que está por vir nos próximos dois anos posteriores.

O teste político ajuda a entender a resposta da população frente ao atual governo e as suas expectativas. É possível medir a força das lideranças e dos pré-candidatos a Presidência da República para 2022, baseado nas performances dos candidatos, principalmente nas principais capitais brasileiras.

É fato que as eleições municipais não se mostram relevantes em termos fiscais, mas a formação do pleito pode sim influenciar o mercado financeiro de forma positiva ou negativa. Enquanto há especialistas que temem a vitória de candidatos da oposição que poderiam influenciar no risco do país, há que acredite que seja apenas uma inquietação antecipada demais as eleições presidências.

Prefeitos eleitos numa grande capital como São Paulo, podem abandonar o cargo para disputar a eleição a presidente. Mesmo que seja uma alavanca e tanto uma vitória no maior colégio eleitoral do país, o mercado financeiro entende como instabilidade o não cumprimento de todo o mandato.

Como há um aquecimento maior na economia, mesmo após o período mais crítico da pandemia, há uma esperança de aumento do PIB. Em ano eleitoral, é comum que as prefeituras acelerem os gastos para valorizar ainda mais sua campanha de reeleição ou para manter os afiliados políticos no poder.

Há ainda outra fortíssima influência no mercado financeiro, que é a eleição americana para presidente da república. Atualmente, o republicano Donald Trump disputa a reeleição com o democrata Joe Biden e vem perdendo nas pesquisas. Mas diante da organização muito peculiar do colégio eleitoral dos EUA, tudo pode acontecer.

É consenso nos investidores que essa eleição tem oferecido mais volatilidade ao mercado financeiro. Tudo pela forma como os candidatos estão se posicionando nos debates, demonstrando bastante competitividade e animosidade. Com propostas bastante dissonantes entre si, cada um divide o mercado financeiro.

O processo eleitoral americano não é importante apenas para o país, mas para todo o mundo. Afinal, não é possível passar impune com o resultado, que pode trazer incertezas nos investimentos e na cotação do dólar.

Se não bastassem as polêmicas que marcaram o governo de Trump e a competitividade característica das eleições americanas, há ainda a influência da pandemia. Há uma expectativa grande dos votos feitos pelos correios, onde a população evitaria a aglomeração e o contato com outras pessoas, mas é um processo que pode retardar os resultados. Esse tempo de demora pode causar grandes oscilações no mercado, baseados em especulações. Há ainda os questionamentos do polêmico Trump, sobre a legitimidade dos votos.

A eleição americana pode intensificar ou amenizar a guerra comercial com a China, um dos maiores exportadores brasileiros. A expectativa de tensão entre as maiores forças econômicas do mundo estremece o mercado financeiro e afetar o preço de commodities do Brasil, que já vem seguindo os passos orientados pelo atual presidente americano e causado desconforto entre as relações dos países.

Cabe agora ficar atento às eleições e a reação do mercado, sempre torcendo para que o Brasil consiga colher bons frutos das eleições municipais e das americanas. Que vença sempre o processo democrático.

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