Comportamento financeiro brasileiro comparado ao exterior

A trágica pandemia mundial, causada pelo Covid 19, também trouxe muitos aprendizados sobre como nos desenvolvemos como sociedade. O colapso econômico atingiu todas as nações, mas sem dúvida, os países mais pobres potencializaram suas dificuldades. É o caso do Brasil, que viu crescer ainda mais sua desigualdade social, o aumento de desempregados e a inflação crescente, sobretudo em produtos básicos.

O comportamento financeiro do brasileiro é evidenciado em momentos cruciais como esse. Segundo indicadores, a média da população possui uma grande falta de conscientização financeira, principalmente quando comparado a outros países da Europa e os EUA.

Ainda visto como um tabu, o dinheiro acaba tendo uma utilização precária e ineficiente, capaz de alimentar dívidas e dificuldades financeiras. Em muitos países, a educação financeira faz parte da educação básica de uma criança, que aprende desde cedo a importância de economizar e usar o seu dinheiro de forma inteligente.

O brasileiro e as finanças

Nas principais redes sociais disponíveis, há vários influenciadores com canais específicos para falar sobre finanças pessoais, mercado financeiro, economia e afins. Essa conexão permite que pessoas de todas as faixas etárias, gêneros e locais do mundo, tenham acesso aos conteúdos e cursos sobre o tema.

Mas mesmo com o acesso amplo a informações, o brasileiro ainda tem muita dificuldade em lidar com o dinheiro. Visto como um verdadeiro tabu, aproximadamente 49% da população evita falar sobre o assunto, porque para eles, o dinheiro remete a sentimentos de tristeza, perda e dificuldade.

A internet tem ajudado a quebrar essa falta de informação adequada, mas ainda há muito que se fazer, já que isso faz parte da cultura do brasileiro. Poucas são as famílias que abordam o assunto de forma franca, inclusive estimulando os filhos pequenos a economizar a entender a importância do dinheiro.

Na verdade, não é só a falta de informação que torna essa visão sobre dinheiro tão depreciativa. Trata-se de uma questão psicológica e emocional. Isso torna difícil não só falar sobre o assunto, mas olhar e pensar no próprio dinheiro. Como consequência, a dificuldade latente em manter uma organização financeira saudável e não se envolver com dívidas.

Grande parte dos conteúdos aborda a necessidade de se fazer algum tipo de planilha, para que todas as entradas e saídas do mês sejam anotadas. Dessa forma, é possível identificar os gargalos e as possibilidades de cortes para economizar mais e tornar o dinheiro mais elástico. Porém, muitas pessoas evitam se deparar com essas evidências para não gerar sentimentos depressivos.

Essa avaliação sobre o perfil do brasileiro nas finanças mostra que os conteúdos sobre finanças são positivos, mas não o suficiente para fazer grandes transformações. E é a ideia de mudanças que vem movendo os especialistas em economia, para de fato tornar o brasileiro mais apto à educação financeira de forma plena, sem que fantasmas o atormentem sobre o tema.

Enquanto cerca de metade da população sofre e evita falar sobre dinheiro, mais de 65% aceitam conversar sobre ele, mas sem profundidade. Para muitos, o debate é chato e acaba levando a saídas que parecem fantasiosas pouco realistas. Inclusive, não conseguem sequer falar quanto ganham, sobre seus gastos médios e até mesmo a respeito de investimentos.

O medo do julgamento é o fator fundamental para tornar o brasileiro mais cauteloso para falar sobre seus próprios ganhos. Evitam que sejam alvos de críticas por gastar demais ou economizar e parecer “pão duro”, que esteja em dificuldades, ou seja, passível de pedidos de empréstimo por acharem que ganha bem.

Curiosamente, o conceito de boa parte dos brasileiros é que o dinheiro é capaz de moldar o caráter de alguém. Afinal, ele é algo corrompível, destruidor de famílias, casamentos e sociedades, péssimo exemplo para as crianças e uma demonstração de soberba. Não faltam adjetivos para definir pessoas que possuem uma situação financeira confortável ou aquelas que estão com dificuldades. Todos estão sob o crivo do julgamento.

Mas, curiosamente, uma média de 50% dos brasileiros navega no sentido oposto quando o assunto é dinheiro. Querem conhecer mais sobre ele e buscam informações nos veículos de informação. Realizam trocas de investimentos, buscam estar ao lado de pessoas com visão expansiva sobre dinheiro e são curiosos sobre tudo que envolva economia, mesmo que não entenda muito.

E é esse tipo de brasileiro que vem estimulando o surgimento de novas frentes que abordam o tema, assim como a criação de produtos específicos para aqueles que querem ir além do que a rotina financeira pode proporcionar.