Comprometimento de renda: entenda o que é e como funciona

O princípio básico da educação financeira é equilibrar as despesas, para que não ultrapassem o limite do que se recebe. A teoria é bastante simples, mas na prática a maior parte das pessoas tem muita dificuldade em não gastar mais do que ganha no mês. Sem o controle, é fácil sucumbir ao crédito e acabar se endividando e prejudicando o orçamento mensal.

Infelizmente, o endividamento é mais comum do que parece e vem crescendo nos últimos anos. A instabilidade econômica e política levaram à inadimplência pessoas controladas, mas que se viram no desemprego, e também piorou a situação de quem não consegue manter as despesas em ordem. Especialistas afirmam que a forma mais fácil de evitar o caos financeiro é o comprometimento de renda. Mas você sabe o que é isso?

Quanto é melhor comprometer a renda?

Todo mundo que recebe salário ou possui uma renda, sabe que uma parte dele é destinada a pagar contas. Mensalmente existem contas chamadas de essenciais, que englobam o pagamento de aluguel, luz, água, condomínio, educação, saúde e alimentação, cujo valor médio já se tem consciência e que precisam ser prioridade.

Para manter o equilíbrio financeiro, é preciso comprometer a renda em, no máximo, 50% para esse tipo de pagamento. Os outros 50% se destinam ao investimento, lazer e pagamento de empréstimos. Como esses valores não possuem uma regularidade, não são considerados essenciais, mas continuam sendo importantes.

Quando essas porcentagens não são respeitadas, o desequilíbrio financeiro torna o orçamento mensal imprevisível. E é esse o maior problema de quem não consegue manter uma regularidade nas contas e não possui educação financeira, já que um cálculo equivocado pode levar ao endividamento.

O endividamento leva a cobrança de juros, que vão se acumulando e aumentando ainda mais o valor a ser pago. Em alguns casos, o seu pagamento pode superar o comprometimento de renda dos custos essenciais junto aos eventuais, prejudicando profundamente as necessidades pessoais e familiares.

O valor de comprometimento de renda é muito importante e serve para a avaliação da instituição financeira para a liberação de empréstimo. Se o valor comprometido com as contas for de 70%, o sinal vermelho começa a soar já que apenas um terço do salário pode ser usado para emergências, extras e dívidas. Há bancos que até aceitam comprometer 20% do salário restante, mas com valores menores e possível taxa de juros mais elevadas.

A legislação brasileira aceita a porcentagem de 20 % a 30% da renda para pagamento de empréstimos, mas é aconselhável um questionamento não só da instituição, mas também do cliente sobre os valores. Especialistas defendem que os valores sejam os menores possíveis, principalmente pelos juros acumulados que podem causar transtornos no orçamento familiar, especialmente quando se trata de emergências, onde todos podem passar. Afinal, problemas de saúde, acidentes entre outros são inesperados e podem exigir uma quantia em dinheiro.

O perfil do consumidor que compromete mais de 50% de sua renda de despesas básicas, é de pessoas que recebem até dois salários mínimos e não conseguem se ajustar sua vida cotidiana da sua realidade financeira. Para aqueles que comprometem toda a sua renda para contas básicas ou passa por isso eventualmente, é preciso rever seu orçamento com urgência, mas não deixar de pagar nada, inclusive os empréstimos.

A ideia é não ter uma nova dívida para quitar a antiga, tornando cada vez maior o rombo financeiro. Quando se trata de cheque especial e cartão de crédito, cujos juros são assustadores, é preciso ter ainda mais cautela e evitar ao máximo utilizá-los além do necessário.

Quem deseja utilizar um empréstimo para investir, o mais indicado é usar uma grande parte de uma reserva emergencial ou das economias. Se possível, fazer o pagamento a vista e evitar contrair dívidas e pagar juros. Esse tipo de endividamento só deve ser realizado com muita consciência do seu comprometimento mensal, para evitar surpresas que levem a inadimplência.

A importância da educação financeira para saber comprometer sua renda

O princípio básico da educação financeira é de gastar menos do que se recebe e poupar sempre. Inclusive, dentro de orçamentos apertados com uma renda mínima, a organização financeira pode levar a economia e a quitação de suas pendências. Essa afirmação pode parecer inviável para um provedor que recebe um salário mínimo, tendo que arcar com todas as contas de sua casa, mas a partir do princípio da economia de gastos, esse perfil pode ficar livre de endividamentos e até ter uma reserva.

A necessidade da sociedade atual em sempre passar uma imagem de bonança, faz com que assuntos sobre dinheiro virem um tabu. Afinal, falar sobre dinheiro pode parecer endividamentos, dificuldades porque é dessa forma que ele é visto por quem não entende o seu real fundamento, que é proporcionar proventos, necessidades e prazer.

Lidar com o dinheiro de forma positiva por fazer com que ele se torne um aliado e não um fugitivo do seu bolso. Comprometer sua renda para saber exatamente para onde vai cada real é uma forma de dar saúde para suas finanças e lhe trazer qualidade de vida. Uma pessoa sem dívidas não se preocupa com as contas para pagar e sabe muito bem quanto tem em sua conta.

A maior parte das vezes não se observa os gastos extras realizados no dia a dia. Seja no cafézinho pela manhã na padaria da esquina, nos gibis ou na aposta da casa lotérica, todos esses pequenos valores causam impacto na conta mensal e muitos podem ser cortados ou reduzidos. Basta lembrar que uma simples pesquisa entre os mercados do seu bairro já pode dar um salto de economia nas contas da compra de alimentos. Há itens com promoções vantajosas enquanto outros são mais caros, fazendo com que o consumidor peregrinar entre eles para comprar sempre o que há de mais barato. Essa análise dos pequenos detalhes, faz toda diferença no conjunto orçamentário e pode ser a chave para economizar.

Criar cotas dos recebimentos mensais ajuda a entender a construção do comprometimento da renda. As porcentagens devem ser seguidas a rigor, sempre controladas para que não extrapolem. Com essa racionalidade sobre entradas e saídas, economizando sempre que possível, pode-se ter controle da margem permitida para empréstimos emergenciais ou para investimentos de bens.

O comprometimento de renda é fundamental para quem deseja iniciar uma nova fase na sua vida econômica. Reajustar as contas e entender o percentual de cada uma delas no recebimento mensal, permite ter uma visão clara sobre sua capacidade orçamentária e possibilidade de empréstimos. A AnjoCred possui alguns artigos pontuais sobre finanças, educação financeira e outras dicas valiosas para melhorar seu planejamento econômico, sair do endividamento e poupar ainda mais.