Entenda mais sobre a inflação no Brasil

A inflação está sempre presente na economia das sociedades, com poder de causar grande impacto na vida financeira de todos. Recentemente, a alta inflacionária tem assustado a população brasileira, especialmente àqueles que já eram nascidos na década de 1980 e viveram o ápice da inflação no país, só amenizada e controlada em 1994, com a implementação do plano Real.

Percentage signs on increasing high stacks of coins.

Mas hoje, com os preços subindo de forma acelerada, especialmente no consumo de itens básicos do mercado como arroz, carne e feijão, assim como no combustível e até nos bujões de gás, a inflação atual, avaliada de um mês para o outro, já é a maior desde 2000. Com isso, já é visível a mudança de planejamento financeiro das famílias e as alternativas que estão sendo buscadas para driblar a alta dos preços.

Mas afinal, o que é a inflação e por que provoca preocupação?

A inflação é o aumento amplo e irrestrito do valor médio dos produtos e serviços, durante um intervalo de tempo. Isso significa que ela é medida de acordo com a velocidade com que os preços são reajustados para maior, num curto período.

Na prática, quando um consumidor vai ao mercado com R$ 200,00 e consegue comprar um número determinado de produtos, no mês seguinte pode não conseguir fazer a mesma compra com esse valor. Ou seja, se ele comprou um pacote de um quilo de arroz a R$ 5,00 no primeiro mês e em apenas 20 dias ao retornar ao mercado encontra o mesmo pacote por R$ 8,00, houve uma inflação de 40% em média desse mesmo produto.

Há várias causas que podem provocar a inflação. Uma delas é a lei da oferta e da demanda, onde a dificuldade de encontrar um produto faz com que ele aumente seu preço. Se há uma grande demanda para pouca oferta, o valor subirá. Ela pode surgir por dificuldade na aquisição da matéria prima para confecção do produto, fatores da natureza como catástrofes, secas, enchentes, terremotos e outros.

Outra causa comum da inflação é a emissão excessiva de moedas, causada pelo aumento do seu fluxo. O aumento dos preços provoca uma quantidade de moedas circulando, fazendo com que seja necessária uma maior produção das mesmas.

O medo real da hiperinflação brasileira

Com a alta dos preços de bens de consumo e serviços, há uma diminuição do poder de compra da moeda e sua consequente desvalorização. E mesmo para quem não tem muita compreensão sobre economia, a palavra inflação já é indicação preocupante. Afinal é no dia a dia, na compra de produtos básicos que ela se mostra na prática.

Na recente história do Brasil, na década de 1980 e início de 1990, vivenciamos a hiperinflação. Ela ocorre quando a inflação se torna elevadíssima e descontrolada, fazendo com que os preços mudem até mesmo várias vezes ao dia, corroendo o poder de compra do brasileiro. Não era possível prever o valor de um produto, assim como era muito difícil fazer um controle orçamentário doméstico com a alta acelerada.

Os governos do período fizeram inúmeras tentativas para conter essa alta, que chegou até mesmo a 80% ao mês, mas todas foram frustradas. E em apenas dez anos, a moeda chegou a mudar de cruzeiro para cruzado, de cruzado para cruzado novo, voltou a ser cruzeiro, cruzeiro real, URV, até chegar ao que temos hoje, o Real.

A justificativa para essa hiperinflação foi o elevado gasto público ocorrido nos governos militares, o endividamento externo (o famoso FMI), a crise mundial causada pelos preços do petróleo e a retração da economia. Todo esse processo foi iniciado ainda na década de 1960 e 1970, com a mudança das exportações e importações, assim como falso milagre econômico, causado pela obtenção de empréstimos internacional.

O estopim para a o desenvolvimento da hiperinflação foi o aumento de 400% do valor do barril de petróleo, o que ajudou ao baixo desenvolvimento do PIB brasileiro. Logo no início da década de 1980, a indústria brasileira já não estava em franco desenvolvimento, a dívida externa consumia grande parte dos nossos investimentos e a inflação se tornou um monstro na economia do país.

A inflação descontrolada se tornou crônica, alimentando ainda mais os problemas já existentes e provocando outros. Além do alto valor do petróleo, que aumenta todos os produtos que o utilizam direta ou indiretamente, há uma abrupta desvalorização da moeda brasileira. Sem contar que com o aumento dos preços, há uma maior circulação da moeda, que provoca uma maior produção da mesma e sua desvalorização na economia internacional.

Considerado o pior período econômico do Brasil no período moderno, a hiperinflação durou 15 anos. Ficava sempre acima de dois dígitos, correção monetária diária, remarcação de preços durante todo o dia no supermercado e escassez de produtos nas prateleiras, já que era comum o estoque de produtos com valores mais em conta. Os salários também eram reajustados mensalmente, mas não acompanhavam o aumento dos preços.

Depois de inúmeras tentativas de controle inflacionário, o Plano Real conseguiu trazer a tão desejada estabilidade econômica e que permanece até os dias de hoje. Até sua implementação, a inflação chegou a atingir 5,000% entre 1993 e 1994. Mas não foi um processo rápido e a população precisou de pelo menos uma década para se acostumar com a nova moeda.

Tudo começou com a busca do equilíbrio das contas públicas, através da redução dos gastos, o dinheiro recebido pelas privatizações e o aumento do valor dos impostos. Em seguida, a inflação parou de corrigir salários e preços de forma automática, que culminou com a troca da moeda de cruzeiro real para URV (uma moeda fictícia que servia para redimensionar o valor do dinheiro) e por fim, o Real.

O valor do Real foi reajustado a partir do URV e sua cotação. Na época, para cada 1 URV eram necessários 2.750 cruzeiros reais. Como exemplo, o valor de 5.000 cruzeiros reais permitia comprar três litros de leite integral.

Junto a tudo isso, as importações obtiveram uma maior abertura, surgiram maior flexibilização cambial para baratear os produtos que chegavam ao Brasil. Até aquele período, a compra de produtos importados eram difícil e cara, mas com a abertura ele começou a chegar ao Brasil, ser mais acessível tanto em preço quanto em disponibilidade.

O equilíbrio do Real teve com alicerce o regime de metas de inflação, onde as principais centrais econômicas do país se comprometiam a manter as metas definidas para o ano, através da taxa Selic.

O Brasil e a atual inflação

Quando há um aumento contínuo da inflação, as medidas para controlá-la não são tão simples como a que utilizamos na economia doméstica. A primeira ferramenta utilizada é o uso da Taxa Selic, criada pelo Banco Central para medir e “segurar” o aumento dos preços. Na prática, o Banco Central tem poder para aumentar suas taxas e fazer com que o dinheiro fique mais caro, ou seja, há um aumento do seu valor de juros.

Com isso, o governo manda uma mensagem para a população, para que ela controle mais o seu dinheiro, evite gastar de forma desordenada e pense muito antes de obter empréstimos e utilizar seu crédito.

Outra medida é aumentar a capacidade produtiva do país. Seja no setor industrial, seja no agropecuário, a ideia é que mais produtos estejam disponibilizados no mercado para sua aquisição, fazendo com que seu valor caia.

Após a implantação do Plano Real, houve uma falsa sensação de que a inflação estava não só controlada, mas também retraída. Porém, se no começo do plano era possível comprar dez pães com apenas uma moeda de um real, hoje só é comprado um e mesmo assim, após uma busca entre padarias mais competitivas.

Produzido pelo SNIPC (Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor), o INPC (Índice nacional de preços ao consumidor) é o índice mais conhecido para medir a inflação no Brasil. Ele constantemente corrige o poder de compra dos salários dos trabalhadores brasileiros, mensurando a variação de preços de uma cesta básica. Essa mensuração é feita baseada na população de média a baixa renda assalariada, de áreas urbanas.

Outro importante índice é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ele é responsável por registrar as variações de preços dos produtos vindos da indústria ou agropecuária, a partir de todos os processos de sua comercialização até o consumidor.

Para quem é jovem e nasceu no período do Real já implantado, o atual índice inflacionário pode parecer alto. Mas surge como um alerta para que o país não caia mais na hiperinflação que fez o país perder o senso de direção econômica.

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