É fato que a cultura brasileira não inclui Educação Financeira, o que torna muito comum a dificuldade da população em manter suas contas em dia e economizar. Mesmo com salário baixo, é possível fazer uma reserva mensal programada, que poderá ser usada para os mais diversos fins no futuro próximo ou distante.
A Educação Financeira não se restringe a pessoas com melhores condições financeiras, inclusive, pode permitir que qualquer pessoa possa chegar até um patamar confortável e saudável de seu orçamento.
Uma das ciladas mais conhecidas de endividamento são os cartões de crédito. A ironia é que ele também é uma ferramenta muito útil para o dia a dia, quando usado com moderação.
Com a modernização tecnológica nas instituições financeiras, é cada vez mais raro o uso de dinheiro para pagar contas. Cartão de crédito nunca foi tão importante, trazendo inúmeras facilitações diárias. O problema é exatamente não conseguir ter controle sobre seu uso e acabar entrando em endividamentos sérios e que podem derrubar seu orçamento.
Vantagens de ter um cartão de crédito
Cartão de crédito é um item que surgiu para facilitar o dia a dia das pessoas, agilizando suas finanças. Porém, quando não é usado com moderação e inteligência, pode se transformar num grande problema. Tudo porque a falta de controle pode levar ao excesso de consumo, um descontrole nas parcelas e acabar causando o caos no orçamento mensal.
Dessa forma, quando o cliente pergunta se vale a pena ter um cartão de crédito e se vai ajudar ou piorar a situação financeira, a resposta é: depende. Porque o principal fator é a forma como se lida com o orçamento e o uso inteligente de uma ferramenta que pode ser eficaz na organização financeira.
Criado na década de 1920, nos Estados Unidos, o dono de um restaurante decidiu criar uma espécie de cartão de fidelidade, oferecido a clientes mais fiéis. Por meio desse cartão, eles poderiam consumir e pagar a conta numa data pré-determinada. Mas foi só em 1949 que o conceito real do cartão de crédito surgiu.
Foi Frank MacNamara quem teve a ideia de criar um cartão com o nome do seu titular, que pudesse substituir o dinheiro e talão de cheques para efetuar as compras. E os pagamentos eram feitos numa data mensal acordada, sem o pagamento de juros, se não houvesse atrasos. O nome do cartão era The Diners Club, que existe até hoje e cujo material era papel-cartão e com a adesão inicial de 27 restaurantes. Só pessoas com representatividade social poderia ter um, que equivalia a cerca de 200.
O sucesso foi tão grande que repercutiu numa procura elevada, tanto de novos adeptos quanto de estabelecimentos. Seu formato e constituição melhoraram, expandiu as fronteiras e se tornou internacional, e outras empresas começaram a ter seu próprio cartão, como o American Express, o BankAmericard, que virou Visa, e o Master Charge, que se tornou Mastercard.
No Brasil, o Diners foi a primeira empresa a entrar no mercado, mas com limitações. Foi mesmo a Credicard a primeira empresa a tornar o cartão de crédito viável no Brasil, que acabou comprando a Diners brasileira e só fez crescer com a economia do país.
As bandeiras aceitas no Brasil atualmente são a Mastercard, Visa, Elo, American Express, Diner Club e Hipercard. Todas podem ter variações provate label, ou seja, com a marca de lojas do varejo ou de causas sociais, cuja renda pode ser revertida para o projeto de destaque.
A principal vantagem de um cartão de crédito é a possibilidade de compra de produto ou serviço, sem a necessidade de ter dinheiro físico de imediato.
Também não é exigido talão de cheque, aprovação de crediários ou produção de nota promissória. O cliente ganha um prazo para fazer o pagamento da fatura e ainda pode parcelar o produto, de acordo com a oferta da loja, pagando o valor mensal em cada fatura.
Alguns cartões não possuem anuidade e ainda oferecem benefícios de acordo com o uso. O mais famoso deles é o atrelado a milhas de viagens. Com o uso e o seu pagamento, o cliente tem revertido o valor em milhagens que podem ser trocadas por passagens áreas.
As compras, hoje, também podem ser feitas online e nem sempre é preciso o cartão físico, já que há sistemas diferentes de seu uso como pulseiras e até QR Code.
Além de todas essas vantagens, os cartões de crédito são aceitos para praticamente todas as atividades. Desde aluguel de carro até um lanche em uma carrocinha da esquina.
“Maquininhas” de cartão de crédito vêm popularizando a modalidade e permitindo que os microempresários também possam receber dessa forma.
Riscos de ter um cartão de crédito
Diante de tantas vantagens, parece impossível não ceder à tentação de ter um cartão de crédito e incluí-lo no orçamento.
É verdade que quando é usado com cuidado, essas vantagens podem ajudar a ter um controle financeiro ainda maior e obter vantagens como pagamento parcelado sem juros, aproveitar promoções e poder de compra em atividades emergenciais.
Mas de acordo com o perfil do brasileiro, e sua notória dificuldade em manter o orçamento financeiro mensal bem organizado, 8 a cada dez pessoas com cartão de crédito apresentam algum tipo de dívida sobre ele. Sejam compras efetuadas além dos recebimentos ou o exagero em compras parceladas que saiu do controle.
Se o cliente pagar o valor mínimo do rotativo, sem fechar um parcelamento da pendência que congela os juros, ele pode entrar numa verdadeira bola de neve que cresce de forma ininterrupta.
Tudo porque os juros de uma pendência com o cartão de crédito é dos maiores no Brasil e rapidamente leva o devedor ao caos financeiro e à perda de crédito com a negativação do nome.
Abaixo, listamos as principais armadilhas de um cartão de crédito e como fugir delas:
1. Parcelamento de compras
Parcelar as compras é uma ótima forma de ter um produto mais caro e conseguir pagá-lo sem apertar o orçamento. O problema é quando se perde o controle sobre quantas compras foram parceladas e o valor que elas terão na fatura mensal.
Além disso, há parcelamentos muito prolongados que, a médio prazo, podem minar o orçamento.
2. Não ter planejamento para seu uso
Como qualquer produto financeiro e até o uso do dinheiro vivo, é preciso ter um planejamento para seu uso correto. Não basta ter um cartão com limites e comprar desordenadamente, porque a conta chegará, mas nem sempre se terá dinheiro suficiente para pagá-la.
O ideal é ter um limite mensal para seu uso, até mesmo para o pagamento das parcelas. Sempre deixando uma margem de limite para emergências. É muito comum que o cliente seja surpreendido com um alto valor da fatura, feito por compras de valores menores parceladas.
3. Evite o rotativo
A opção por pagar a fatura pelo valor mínimo é uma das armadilhas mais cruéis. O juros do valor pendente é altíssimo e, geralmente, se une a novas compras no mês. Dessa forma, cada fatura vem ainda maior do que a do mês anterior, até se transformar num valor impossível de pagar.
4. Cartão com anuidade
O cartão de crédito é um benefício para o cliente, mas uma forma de lucro para os bancos. Um desses ganhos é por meio da anuidade, que serve como um tipo de aluguel para ter essa facilidade. Cobrada em parcelas que são incluídas nas faturas, nem sempre oferecem outro benefício senão o do uso do próprio cartão.
Mas hoje, muitos cartões excluem a anuidade ou atrelam a ela descontos, conforme o uso contínuo. Há muitos bancos que aceitam negociação sobre o valor, a partir do uso de outros serviços bancários. É sempre bom averiguar.
5. Desconhecer as vantagens oferecidas
Não são só o desconto da anuidade, mas cada bandeira de cartão possui outras vantagens para seus afiliados. Descontos em viagens, ingressos de teatro, shows, restaurantes, brindes, programas de fidelidade e outros benefícios, que geralmente são incluídos com o valor da fatura paga.
Se há dúvidas sobre o uso de cartão de crédito, opte sempre pelo controle. Quanto mais for possível manter um limite pessoal em dia e não extrapolar o orçamento familiar, melhor será para usufruir de todos os seus benefícios.
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